Bolhas transitórias
O incomensurável Machado de Assis assim escreveu na obra Quincas Borba: "Nunca viste ferver a água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de contínuo, e tudo fica na mesma. Os indivíduos são essas bolhas transitórias."
(Faz-me lembrar o Eterno Retorno de Nietzsche (o que também não vem ao caso))
Este será um post longo, quase todo de citações. Queria escrever qualquer coisa sobre toda a conjuntura política nacional. Porém, minha insipiência, certamente, levar-me-ia a escrever algumas obviedades pululantes sobre o tema. Resolvi delegar a mentes brilhantes o mister de postar no meu blog. Foi então que, ao bulir em meus alfárrábios, achei algo que me inspirou a redigir um pouco. Devo confessar, emocionou-me também. Vejamos o que disse o ex-senador e emérito professor Lauro Campos, de saudosíssima memória, na tribuna do Senado Federal:
"(...) hoje falo porque a lei moral que há em mim não permite que eu me silencie. Estou há vários dias perplexo, nesse momento crucial da existência do Parlamento. Nesse momento de uma das mais importantes eleições que o País conhece - talvez tão importante quanto a eleição do Presidente da República - a dos Presidentes do Congresso Nacional e da Câmara dos Deputados.
A menos de vinte e quatro horas do pleito, o meu silêncio e o de meus companheiros incomodam-me muito. Deveríamos estar aqui, como propôs o companheiro Eduardo Suplicy, ouvindo e debatendo com os candidatos à Presidência do Senado o seu programa, a sua colocação diante dos outros poderes, o seu posicionamento diante das relações internacionais que se estão manifestando, inclusive por meio da vaca louca. As tantas e importantes manifestações deste mundo globalizado têm aqui, no Senado Federal, um dos eixos fundamentais para a orientação da população.
(...)
O que me traz aqui, hoje, é essa insopitável vontade de fazer, pelo menos, uma catarse, porque não agüento mais esse silêncio, esse tergiversar, essas conversinhas, esses discursos em torno de nada. Parece-me que não estamos escutando o som do vendaval que se aproxima. Parece que não vai acontecer, também, amanhã, absolutamente nada.
O day after vem aí. Amanhã, vamos começar a tomar consciência do que realmente fizemos, cometemos e praticamos."¹
Este discurso foi proferido na véspera de uma eleição para a Presidência do Senado. Neste mesmo discurso, Lauro Campos fez referências encomiásticas ao Senador Jefferson Péres, detentor de "mãos serenas" para assumir a presidência, segundo o senador Lauro. No final, venceu a eleição o então senador, atual deputado, Jáder barbalho. Sem maiores comentários.
Neste ano, um cipoal político levou à Presidência da Câmara Baixa Severino Cavalcante. Mais uma vez, o vilipêndio à eleição de tão excelso cargo, denunciado e repelido por Lauro Campos, foi observado.
As situações se repetem.
Bolhas transitórias...
____________________________________________________________________
1-CAMPOS, Lauro; Crise, Dívida, Terror e Medo No Mundo Do Capital; Brasília; Senado Federal; 2002
(Faz-me lembrar o Eterno Retorno de Nietzsche (o que também não vem ao caso))
Este será um post longo, quase todo de citações. Queria escrever qualquer coisa sobre toda a conjuntura política nacional. Porém, minha insipiência, certamente, levar-me-ia a escrever algumas obviedades pululantes sobre o tema. Resolvi delegar a mentes brilhantes o mister de postar no meu blog. Foi então que, ao bulir em meus alfárrábios, achei algo que me inspirou a redigir um pouco. Devo confessar, emocionou-me também. Vejamos o que disse o ex-senador e emérito professor Lauro Campos, de saudosíssima memória, na tribuna do Senado Federal:
"(...) hoje falo porque a lei moral que há em mim não permite que eu me silencie. Estou há vários dias perplexo, nesse momento crucial da existência do Parlamento. Nesse momento de uma das mais importantes eleições que o País conhece - talvez tão importante quanto a eleição do Presidente da República - a dos Presidentes do Congresso Nacional e da Câmara dos Deputados.
A menos de vinte e quatro horas do pleito, o meu silêncio e o de meus companheiros incomodam-me muito. Deveríamos estar aqui, como propôs o companheiro Eduardo Suplicy, ouvindo e debatendo com os candidatos à Presidência do Senado o seu programa, a sua colocação diante dos outros poderes, o seu posicionamento diante das relações internacionais que se estão manifestando, inclusive por meio da vaca louca. As tantas e importantes manifestações deste mundo globalizado têm aqui, no Senado Federal, um dos eixos fundamentais para a orientação da população.
(...)
O que me traz aqui, hoje, é essa insopitável vontade de fazer, pelo menos, uma catarse, porque não agüento mais esse silêncio, esse tergiversar, essas conversinhas, esses discursos em torno de nada. Parece-me que não estamos escutando o som do vendaval que se aproxima. Parece que não vai acontecer, também, amanhã, absolutamente nada.
O day after vem aí. Amanhã, vamos começar a tomar consciência do que realmente fizemos, cometemos e praticamos."¹
Este discurso foi proferido na véspera de uma eleição para a Presidência do Senado. Neste mesmo discurso, Lauro Campos fez referências encomiásticas ao Senador Jefferson Péres, detentor de "mãos serenas" para assumir a presidência, segundo o senador Lauro. No final, venceu a eleição o então senador, atual deputado, Jáder barbalho. Sem maiores comentários.
Neste ano, um cipoal político levou à Presidência da Câmara Baixa Severino Cavalcante. Mais uma vez, o vilipêndio à eleição de tão excelso cargo, denunciado e repelido por Lauro Campos, foi observado.
As situações se repetem.
Bolhas transitórias...
____________________________________________________________________
1-CAMPOS, Lauro; Crise, Dívida, Terror e Medo No Mundo Do Capital; Brasília; Senado Federal; 2002
4 Comments:
Gostei dessa parte:
"Parece-me que não estamos escutando o som do vendaval que se aproxima"
Pena que "a história se repete". E se esse vendaval for considerado a revolta do povo, faz tempo que ele é esperado, mas parece que sempre vem a calmaria e tudo fica como está.
Espero que essas bolhas transitórias, quando ferverem e se evaporarem, deixem a marquinha no fundo da panela, para que não nos esqueçamos de que elas, de fato, existiram
Fato curioso e cheio de humor negro(quase totalmente nada a ver com o post...)- dizem que os prédios da Câmara e do Senado podem ser distinguidos seguindo-se a seguinte regra: a Câmara faz barulho e o Senado abafa. =P
Beijo pra ti
P.S.: Machado é o cara; meu preferio desde sempre! =)
[url=http://www.onlinecasinos.gd]casinos online[/url], also known as particular means casinos or Internet casinos, are online versions of common ("buddy and mortar") casinos. Online casinos approve gamblers to pretentiousness and wager on casino games living the Internet.
Online casinos typically dream an ill-mannered up as a replacement an eye to sales marathon odds and payback percentages that are comparable to land-based casinos. Some online casinos remonstrate on higher payback percentages payment toss up gismo games, and some fabricate known payout captivate audits on their websites. Assuming that the online casino is using an aptly programmed unsystematic summarize a recapitulate up generator, matter games like blackjack charm an established borderline edge. The payout fragment in the direction of these games are established via the rules of the game.
Multiform online casinos sublease or mesmerize their software from companies like Microgaming, Realtime Gaming, Playtech, Supranational Prank Technology and CryptoLogic Inc.
Post a Comment
<< Home