Wednesday, January 04, 2006

Sou um bárbaro!

"Que misterioso sortilégio foi esse que permitiu aos germanos infundir uma força vital nova à Europa agonizante? Seria um poder milagroso e inato na raça germânica, como querem os nossos historiadores chauvinistas? De modo algum. Os germanos, sobretudo naquela época, formavam uma tribo ariana muito favorecida pela natureza e em pleno processo de vigoroso desenvolvimento. Mas não foram as qualidades nacionais específicasque rejuvenesceram a Europa, mas unicamente a sua barbárie e a sua constituição gentílica.
A sua capacidade e valentia pessoais, o seu amor à liberdade e o seu instinto democrático, que via nos assuntos públicos um assunto de cada um, numa palavra, todas as qualidades que os romanos haviam perdido, as únicas com as quais seria possível formar, da lama do mundo romano, novos Estados e novas nacionalidades, eram apenas os traços característicos dos bárbaros da fase superior da barbárie, os frutos da constituição gentílica.
(...)
Tudo o que era força e vitalidade, naquilo que os germanos infundiram no mundo romano, vinha da barbárie. De fato, só barbároa poderiam rejuvenescer um mundo senil que padecia de uma civilização moribunda. E a fase superior da barbárie, à qual tinham chegado e na qual viviam os germanos, era precisamente a mais propícia à produção deste processo. Isso explica tudo."¹

A invasão germana açula a velha Europa. O Império decadente se viu invadido pelos bárbaros. Mas, com os germanos veio a força, veio a vitalidade, (sobre)veio a vontade de viver. Que havia de Roma àquela época? Um Estado exangue, que só parecia saber tributar e se mostrava absolutamente incapaz de aplacar o caos que envolvia a (des)ordem interna. Semelhanças? Com o quê? Com alguma civilização cristã por aí?

Sou um germano! Antes de Wynfrith!


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1 - ENGELS, Friedrich; A ORIGEM DA FAMÍLIA, DA PROPRIEDADE PRIVADA E DO ESTADO; Global editora; 2º edição; 1985.