Wednesday, November 15, 2006

Cooper onírico pelo centro da cidade

Lá onde a Avenida da Universidade da vira General Sampaio, inicio minha calistenia. A noite está excepcionalmente excitante. Ideal para uma corrida. Às primeiras manisfestações de sudorese, sigo em passo cadenciado.
Quando passo defronte da Praça Clóvis Beviláqua, não resisto e vou dar uma volta reverenteem torno da estátua do Mestre. Ao contornar meia-volta, eis que se me aparece a vetusta Faculdade de Direito do Ceará. É quando vejo, imbricados: o patrono da (centenária) Salamanca; o obelisco erigido em homenagem às forças que lutaram contra a coalisão nazi-nipo-fascistas, além da fachada da Casa de Clóvis, que abre seus pórticos para a Meton de Alencar. Todavia, não paro por muito tempo para não perder o aquecimento.
A noite é escura.
Vou General Sampaio abaixo
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Sigo absolutamente sozinho. Tudo ao redor exala derrelição. Do outro lado da rua, o vento levanta um punhado de poeira e lixo em um redemoinho desalentador; um copo descartável, ainda tisnado pelo café servido à tarde, faz uma peripécia no fio-de-pedra ante de se lançar à sarjeta.
A noite é escura.
Dobro à direita para subir pela Guilherme Rocha.
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Um fanal desponta no sorumbático Centro. É ela: a Praça do Boticário Ferreira! Paro em frente ao (desativado) Excelsior. Durante o dia, vou sempre por ali comprar moedas ao "seu" Caubi (sim, sou numismata). Horas de conversa. Revisto o Savanah Hotel da calçada ao último andar. Não pude deixar de perceber que a lua está formidável. Cheia. Prestes a transbordar. Na praça em que o sol foi vaiado, aplaudo intimamente o nosso soturno satélite.
A noite está escura, apesar dele.
Vejo qual filme está em cartaz no São Luís e vou sair pelo outro lado da praça.
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Chego à praça dos Leões. Não sem antes, é claro, dar uma olhada no prédio da Academia e na igreja próxima. Tenho o prazer de dividir um banco com Raquel de Queiroz. O colóquio ia muito bem, porém, não posso perder meu aquecimento. Despeço-me da Imortal conterrânea e sigo. O caminhão do lixo passa lá embaixo. Os garis solfejam um forró animado. Contagio-me. Pulo as escadarias da praça com um salto mortal(!).
A noite é escura.
Sigo Sena Madureira acima.
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No embalo, aproximo-me da Catedral. Corro o máximo que posso. Começo uma escalada alucinante até o telhado dela. O relógio badala umas duas ou três vezes. De lá, a vista é indizível! Uma sensação de plenipotência se mistura à minha altifobia. Uma neblina vertiginosa serve de lençol à paisagem. Consigo ver o Passeio Público. Quanta história ao alcance dos meus olhos! Dá uma vontade enorme de dar um passeio no Passeio Público (trocadilho infame rs). Olho para baixo. Desfaleço. Vejo as luzes um tanto opacas.
O lençol da paisagem... as luzes opacas... o badalar do relógio...