Monday, November 28, 2005

Ando tão poeta... (mau sinal)

deu-se a enciclia
após a pedrada


No espelho





D´água

Saturday, November 26, 2005

Do clímax da Humanidade?

"O século XXI parece meio decepcionante. Foram prometidos carros voadores, colônias espaciais e jornadas de trabalho de 15 horas semanais. Robôs fariam nossas tarefas domésticas; as crianças aprenderiam sobre doenças só nos livros de história; reatores nucleares portáteis estariam à venda em lojas de departamento. Mesmo visões menos utópicas do futuro previam grandes saltos de tecnologia e organização social que deixam nossa era no chinelo.
Olhando além do piscar de luzes e dos zumbidos das engenhocas, no entanto, o novo século toma forma como um dos períodos mais surpreendentes da história humana. Três grandes transições colocadas em curso pela Revolução Industrial estão alcançado seu auge. depois de séculos de crescimento mais que exponencial, a população do mundo está se estabilizando. A julgar pelas tendências atuais, ela vai parar em cerca de 9 bilhões de pessoas em meados do século. Enquanto isso, a pobreza extrema está diminuindo, tanto em porcentagem da população como em números absolutos. Se a China e a Índia continuarem a seguir as pegadas econômicas do Japão e da Coréia do Sul, em 2050 o chinês médio será tão rico quanto o suíço médio é hoje. Esse crescimento da humanidade em tamanho e riqueza, porém, pressiona os limites do planeta. Nós emitimos dióxido de carbono três vezes mais rápido do que os oceanos e a terra conseguem absorver. No meio do século, segundo estudos, o aquecimento global começará realmente a trazer grandes problemas. Na velocidade em que as coisas vão, as florestas e os estoques de peixe vão acabar antes que isso.
Essas três transições simultâneas e interligadas - demográfica, econômica e ambiental - são o que os historiadores do futuro lembrarão de nossa época. Tudo está se transformando, da geopolítica à estrutura familiar, e criando problemas em uma escala com a qual os humanos têm pouca experiência. Como diz o biólogo Edward O. Wilson, da Universidade Harvard, estamos prestes a passar por um "gargalo" - um período de pressão máxima sobre os recursos naturais e a engenhosidade do homem.
(...)
Olhar para o contexto da época presente ajuda a colocar a miríade de questões mundiais em perspectiva. Muitos problemas derivam direta ou indiretamente, do crescimento. Quando ele diminuir, a humanidade poderá fazer um balanço. Um gargalo pode ser ruim de atravessar, mas, uma vez atravessado, o pior ficará para trás."¹

Tenho achado, no mínimo, preocupantes algumas lições tomadas de certos futurólogos. Ao que me parece, o temor de encarar a Globalização e todos os eventos por ela produzidos tem causado um efeito anestésico, ou mesmo, paralisante na mente de pessoas. Estas passam a propor uma pertinaz protelação da discussão sobre o diagnóstico e a solução para os problemas da Humanidade, os quais se fazem mais presentes a cada instante.

As explosões às quais o autor se refere precisam ser exploradas o quanto antes, sob pena de se inviabilizar a sobrevivência da humanidade. Porém, o confronto poderá gerar reações temíveis por parte de relevantes grupos de pressão.

A explosão demográfica aponta para um crescimento populacional que, segundo previsões mais assisadas, deverá elevar para 9 bilhões o número de habitantes da Terra. Poderá o mundo sustentar esse número de habitantes? Nada impede que concebamos tal hipótese. O problema é que, com a já notável estagnação populacional dos países mais desenvolvidos, onde se concentrará o aumento de, aproximadamente, 50% da atual população mundial? Já é possível adiantar algo: essa população crescente gozará de toda a estabilidade sócio-política da República Democrática do Congo, ou mesmo da ampla securidade social da Etiópia! Uma grande "pane" em um sistema assim proposto é algo absolutamente previsível. Liberdade, social-democracia, autodeterminação dos povos... tudo isso poderá ser coisa inatingível em breve. Mesmo assim, há quem jure que, em 2050, com uma população estagnada, mais velha e urbanizada, é que estaremos maduros o suficiente para discutir isso.

Os problemas econômicos e ambientais não são nem um pouco menos vultosos. O turbocapitalismo devassa empregos e receitas estatais para encontrar repouso nos grandes "buracos negros" representados pelos paraísos fiscais; os recursos naturais dão mostras inequívocas de que poderão sucumbir à voracidade de um crescimento irresponsável como o de nações desenvolvidas que se recusam a assinar tratados para a redução da emissão de poluentes na atmosfera. Que fazer? Sobretaxar as transações finaceiras internacionais; taxar "ecologicamente" a energia; realçar as fronteiras nacionais? Isso é muito sério. Envolveria grupos de pressão muito fortes na sociedade. Ou é algo feito de modo sistemático e partido de uma conscientização global, ou será repelido pelo resto do mundo. Mas, em 2050, após passar pelo "gargalo", a humanidade poderá "fazer um balanço".

É isso o que tenho visto partir de alguns haríolos da Humanidade. Talvez, eles equiparem a situação humana ao buraco de ozônio na atmosfera: alguns tratados internacionais e ele diminui, até é se reduz. A questão é: qual será o CFC a ser eliminado? O que deve ser combatido? Como?
Até lembrei uma passagem interessante que li outro dia:

“Alguns anos atrás, um famoso autor escreveu: ´No final das contas, estaremos todos mortos.´ Lamento confirmar que é a pura verdade. Mas a questão é: quanto durará o momento presente? No século XVIII, houve uma famosa senhora, Madame de Pompadour, a quem se atribuiu o seguinte dito: ´Après nous, lê déluge´ (´Depois de nós, o dilúvio´). Madame de Pompadour teve a felicidade de morrer pouco tempo depois. Mas sua “sucessora”, Madame du Barry, sobreviveu um pouco mais, para, no final das contas, ser decapitada. Para muitos o ´ final das contas´ logo se converte no presente(...)"²





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1 - MUSSER, George; O clímax da humanidade in Revista Scientific American n° 41
2 - MISES, Ludwig Von; As seis lições; 5º edição; Instituto Liberal; 1995

Saturday, November 05, 2005

Inquietações II - Parte II

"Aos que condenam o referendum não faltam, também, argumentos. Em primeiro lugar alega-se que o referendum é um processo irracional, pois entrega a pessoas incompetentes a resolução de assuntos em que erram freqüentemente ainda os mais cultos e experimentados. Nada mais difícil que fazer boas leis. Isso demanda inteligência , ilustração, tirocínio e um profundo senso objetivo. São qualidades, essas, raras nos indivíduos mais ilustres; como supô-las, então, na multidão, na massa informe dos eleitores, que geralmente nem sequer se preocupam com os assuntos públicos, absorvidos pelos seus afazeres, na luta diária pela vida? (...)
Como acentua Barthélemy, são, êsses, argumentos de valor, mas a prática e a teoria lhes respondem vantajosamente. Em primeiro lugar, o que se submete geralmente ao povo não são sutilezas de técnica legal, nem se lhe pede a elaboração de uma lei. A matéria do referendum é sempre, ou deve ser, uma questão concreta, como por exemplo: deve ser obrigatório o ensino primário? devem ser aumentados os vencimentos do funcionalismo público? convém limitar o consumo das bebidas alcoólicas? etc., etc.
Essas e outras questões são fàcilmente acessíveis à inteligência e ao bom-senso dos eleitores. Sôbre elas podem decidir com muito mais consciência do que sôbre os longos e complexos programas dos partidos e dos candidatos à eleição. Apesar do que afirmava Montesquieu, é mais fácil ao homem do povo decidir com acêrto uma questão assim formulada do que escolher com felicidade os seus governantes. É muito mais fácil pronunciar-se sobre a conveniência ou não de aumentar um impôsto do que conhecer o caráter de um homem que se candidata a altos cargos eletivos."¹


As palavras desse grande mestre corroboram parte do que foi pretendido por mim no post Inquietações II - Parte I. O exercício da soberania direta não deve ser entendido como uma afronta ao Poder Legislativo, mas como uma tentaviva de se captar a opinião da maioria da população sobre um assunto emergente ou de grande relevância, para o qual a vontade dos representantes do povo possa não estar na devida consonância com o desígnio popular.

Mas é no tocante à tutela da decisão de um referendo que insisto. Se se vota algo que sabidamente não terá o devido cumprimento e, ainda assim, constrange-se o eleitor a ir às urnas, o desgosto é inevitável. Por extensão, passem a entender esse desgosto como algo genérico, oriundo de tudo o que se vê de mau e indevido que ocorre na política, em sentido lato.

Pois bem: esse desgosto dá início a uma certa revolta subliminar, uma contra-maré eleitoral que enseja a formação de uma grande pororoca democrática. E, a nosso ver, é exatamente essa pororoca que conduz uma Déborah Soft à Cãmara dos Vereadores de uma capital como Fortaleza. Não podemos dar qualquer possibilidade de corroer ainda mais nossas já depauperadas intituições. Acho que isso foi entendido no dia 23 passado. E foi evitada mais uma proibição inócua no Brasil.




Obs 1: Déborah Soft e uma pororoca... hmmmmmmm...


Obs 2: Primeiro a Déborah Soft na Câmara. Depois, aparece a Jeany Mary Corner (a proxeneta que promovia festinhas em Brasília às custas de um sócio do Marcos Valério). Fenômenos isolados, ou nos achamos em marcha rumo à Pornocracia? _________________________________________________________________


1. AZAMBUJA, Darcy; TEORIA GERAL DO ESTADO; Editôra Globo; 4º Edição; 1959.