Tuesday, June 27, 2006

O porre da volta para casa depois da Paraga Gay

"- Caralho! Que gata era aquela?!
- Gata??...
- Como? Diz que era mulher, cara!!! DIZ QUE ERA MULHER, PORRAAAAA!!
- ...
- Nããããooooo!!!
- ;/
- Diz que parecia mulher, diz! vai lá!...
- É, parecer, parecia"

Da insondabilidade do destino

“- Nossa, amor, estava escrito que a gente ia se conhecer...
- É, foi muita coincidência mesmo, não foi?!
- Não, amor, só podia estar escrito!
- Então; é que foi muito por acaso.
- Nada é por acaso! Como é que você quer reduzir tudo que a gente viveu até aqui em mero acaso?!
- Não tudo o que nós vivemos; nós termos nos conhecido.
- Sim, isso mesmo. Como é que uma coisa dessas pode ter sido por acaso?
- Ora como?! Do jeito que foi: não fosse aquela chuva, você não teria aceitado a carona.
- Pôxa! Chove justo no dia que eu estava sem guarda-chuva e você vem dizer que foi só por acaso? É c-l-a-r-o que já estava tudo escrito
- Mas, estava escrito por que foi maravilhoso nós nos conhecermos ou tudo sempre já está escrito?
- Como assim?
- Suponhamos que eu tenha outra namorada e resolva terminar nosso noivado para ficar com ela. Isso já estaria escrito?
- Hmm... sim, sim.
- Então, não seria por acaso?
- Não! Tudo está escrito.
- Talvez isso já esteja escrito...
- É bem capaz mesmo! Quando nós começamos, mamãe falou que você de santo só tem a cara (rs).
- Sério?! Ela falou isso mesmo?
- Unrum.
- Ai, ai... Agora, diz uma coisa, se isso já estiver escrito, como podemos saber?
- Aí é que está. A gente nunca pode saber.
- Querida, se estava tudo escrito mas n[os não podíamos tomar conhecimento do teor dos escritos, qual o problema de nós termos nos conhecido por mero acaso?
- Ah! Lá vem você com suas chatices!
- Eu, chato?! Você que é muito nefelíbata!”

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“Santo Agostinho encara os acontecimentos históricos como submetidos à providência divina e está convencido de que não podem ser encarados de outra maneira.

Considerai este Deus soberano e verdadeiro - diz -, este Deus único e todo-poderoso, autor e criador de todas as almas e de todos os corpos humanos... que fez do homem um animal racional composto de corpo e alma; este Deus, princípio de toda lei, de toda beleza, de toda ordem, que dá a tudo o número, o peso e a medida, de quem deriva toda produção natural, sejam quais forem o gênero e o preço; pergunto se é crível que este Deus tenha admitido que os Impérios da Terra, seu domínio e sua servidão, permanecessem estranhos às leis da Providência¹.

(...)

E, quanto a seu princípio fundamental, rogo-vos observar o seguinte: Santo Agostinho fala daquilo que chama de leis da Providência com tanta convicção e com tantos detalhes que se pode perguntar, ao lê-lo, se não terá sido ele confidente íntimo de seu Deus. E o mesmo autor, com a mesma convicção, com a mesma finalidade a seu princípio fundamental, na mesma obra, nos diz que os desígnios do Senhor são insondáveis. Mas, se é assim, por que empreender a tarefa necessariamente ingrata e estéril de sondá-los? E por que apresentar-nos estes insondáveis desígnios como explicação dos acontecimentos da vida humana?”¹


1 – PLEKHANOV, G.; A Concepção Materialista da História; Paz e Terra; 1987
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Sobre o Nefelibatismo, ver